Uma aprendizagem mais significativa


“Por aprendizagem significativa, entendo aquilo que provoca profunda modificação no indivíduo. Ela é penetrante, e não se limita a um aumento de conhecimento, mas abrange todas as parcelas de sua existência.”
Carl Rogers


     Ao analisar a minha trajetória ao longo dos meus 105 primeiros dias como acadêmica de medicina na Universidade Federal da Bahia, pude verificar mudanças grandiosas no que tange não só ao conhecimento adquirido, mas a forma como penso e interpreto o mundo.

     Em consonância com os ideais do cientista Virshow, que afirmou que a “ciência médica é intrínseca e essencialmente uma ciência social” (BUSS, 2017), a construção de um semestre voltado para a temática “Universidade, ciência e medicinas possíveis”, proporcionou à nós, estudantes, iniciar um ampliamento do sentido de ser um profissional médico, desencadeando a edificação do realizar e entender o olhar integral e biopsicossocial que se deve ter com o paciente.
     Essa nova abordagem decorre do cumprimento das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos de medicina, promulgada em julho de 2014, as quais visam uma formação humanizada e crítica, de cunho generalista, para que possa ser resolutiva e abrangente no que se refere aos níveis de atenção à saúde. Nesse ínterim, pude ver na prática componentes que abordavam desde a eutonia, passando pelas medicinas integrativas e saúde coletiva, até a anatomia humana.
     Em outra análise, também foi possível observar, dentro da sala de aula, um processo de aprendizagem de cunho muito mais significativo, trazendo consigo o diálogo e a interação, unindo, ainda, o ciclo básico com o clínico. Ademais, por meio da interdisciplinaridade, das visitas a campos de práticas e das metodologias ativas, o curso mostra-se como um mecanismo eficiente de construção de um saber médico mais ético, responsável e cidadão.
     Por fim, a inserção da saúde mental de forma longitudinal na grade curricular revela um avanço no percurso da Reforma Psiquiátrica, movimento iniciado nos anos 80 no Brasil e que caminha ainda na busca por uma transformação social e assistencial à aqueles que apresentam sofrimento psíquico.
     Em resumo, todas as vivências que o semestre 2018.1 me proporcionou, promoveram mudanças na forma como entendo a saúde, a relação interpessoal, o cuidado e a mim mesma. Como diz Parmênides, “tudo flui” e estamos em constante mudança. Espero, eu, continuar a descobrir o que esse curso tem a me transformar ainda.


REFERÊNCIAS


BRASIL. Resolução no 3, de 20 de Junho de 2014. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina e dá outras providências. Lex: Resolução CNE/CES 3/2014. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de junho de 2014 – Seção 1 – pp. 8-11 Disponível em: <http://www.fmb.unesp.br/Home/Graduacao/resolucao-dcn-2014.pdf>. Acesso em: 16 julho 2018.


BUSS, Paulo Marchiori and FILHO, Alberto Pellegrini. A Saúde e seus Determinantes Sociais. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 17(1):77-93, 2007. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312007000100006&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em 15 julho 2018.


MIRANDO FILHO, R.C et al. Projeto Político Pedagógico Curso De Graduação Em Medicina. Universidade Federal da Bahia – Instituto Multidisciplinar em Saúde. 2015.
Disponível em: < https://goo.gl/QDj84Q>. Acesso em 15 julho 2018.

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